quarta-feira, 28 de outubro de 2009

O homem e o rio

A relativa mutabilidade da natureza humana


“tunc formavit Dominus Deus hominem pulverem de humo
 et inspiravit in nares eius spiraculum vitae,
et factus est homo in animam viventem.”

“então, formou o Senhor Deus ao homem do pó da terra
e lhe soprou nas narinas o fôlego da vida,
e o homem passou a ser animal (alma) vivente.”

Por desde cedo ser iniciado nas Escrituras, apesar de não se tratar de uma novidade, com a leitura das Confissões de Santo Agostinho (354-430 d.C), mas precisamente no Livro VII, tive acesso a um 'desenvolvimento metódico' da condição imutável do Criador e da condição mutável do homem. No livro do Profeta Malaquias encontramos: “Porque eu, o Senhor, não mudo”. São Tiago defende esta imutabilidade em sua Carta: “Toda boa dádiva e todo dom perfeito são lá do alto, descendo do Pai das luzes, em quem não pode existir variação ou sombra de mudança”. Enfim, a partir da leitura das Confissões passei a prestar melhor atenção sobre os aspectos da mutabilidade humana – como, de certa forma, uma fragilidade e, de outra, uma grande dádiva pelas possibilidades desta condição – e melhor contemplar a imutabilidade Divina.

A mutabilidade humana foi observada por Heráclito, o Obscuro (aprox. 540-480 a.C), e, em seu fragmento nº 91, nos diz que: “um homem não toma banho duas vezes no mesmo rio”, mas essa mutabilidade humana também pode ser observada nos primeiros capítulos da Teoria da Criação.

Tenho considerado que uma forma de pensamento não deve excluir a outra oposta ou aparentemente oposta, mas sim acreditando na co-existência complementar. Assim, a Teoria da Evolução não deve excluir a Teoria da Criação, as contraposições metafísicas não devem excluir de toda forma a argumentação dialética e esta no seu caráter materialista não deve excluir de toda forma o caráter seu idealista e vice e versa.

Mas continuando, do que tenho observado e experimentado ainda tenho o Criador como ser imutável e o homem, criatura, como ser mutável, mas agora concebendo uma criatura mutável com algo de imutabilidade.

No díalogo de 'O Banquete', de Platão, encontramos a seguinte afirmação: “... mesmo durante o tempo em que um animal passa como vivo idêntico, como indivíduo, isto é, no tempo que vai da infância até a velhice, embora se afirme que é sempre o mesmo, nunca é, na realidade, sempre o mesmo. Incessantemente rejuvenesce e continuamente perde o pêlo, a carne, os ossos, e o sangue. Não é apenas o corpo que sofre mudança, também o espírito se modifica. (...) Mas, o que é ainda mais estranho, é que os nossos conhecimentos nascem tão depressa como perecem, e nunca somos idênticos a nós mesmos.


Karl Marx, por sua vez, no desenvolvimento de sua dialética materialista, ao empregar o conceito de natureza humana levou em consideração a analogia de que quando um homem se banha duas vezes num determinado rio, é inegável que da segunda vez o homem terá mudado e o rio também terá sofrido alterações, mas apesar das modificações o homem será o mesmo homem (e não outro qualquer) e o rio será o mesmo rio (e não um outro rio qualquer). Assim, permanecendo algo de imutável.

Por fim, entendo que o que permanece é a imutabilidade do Criador. No mais e no momento atual, nós, criação, mutáveis, mas sabendo que há um certo toque de imutabilidade que antes desprezara, pois, enfim, todos somos pó.


“in sudore vultus tui vesceris pane, donec revertaris ad humum,
de qua sumptus es, quia pulvis es et in pulverem reverteris.”

“no suor do rosto comerás o teu pão, até que torne à terra,
pois dela foste formado; porque tu és pó e ao pó tornarás.”


Azor Nogueira Bruder

terça-feira, 27 de outubro de 2009

"Pelicciollis"


Hoje estou disponibili-zando uma série de 3 pequenas composições que dei o nome de Pelicciolli, que é uma homenagem a minha esposa que é descendente da família Pelicciolli da província de Bérgamo (região da Lombardia, noroeste da Itália) que vieram para o Brasil e se instalaram em Penápolis / SP. (clique aqui para baixá-las)

Dentre as Pellicciollis particularmente prefiro a nº 3 que acredito ter um certo elemento céltico.

Existe uma quarta que é mais instrospectiva, cuja partitura ainda não está escrita.

Em breve, outras partituras.

Por hoje é só. Abraços.

domingo, 25 de outubro de 2009

Vamos começar

Este é o primeiro dia deste Blog.
Não pretendo inicialmente fazer postagem periódicas, mas sim trazer para cá um pouco daquelas que curto ou acho interessante.
Espero que seja, ao menos, um pouco interessante.
Abraços.

Azor